Carlos Costa
Por Globoesporte
Vitória abre três no Serra, mas Goiás tem virada espetacular
Parecia mais uma daquelas partidas históricas que Neto Baiano fez no ano. No jogo em que o artilheiro do Brasil na temporada faz dois gols, chega a 37 em 2012, os tentos do atacante do Vitória foram apenas detalhes. Quando fez o terceiro do Leão baiano em cima do Goiás, ainda aos 20 minutos da primeira etapa, em pleno Serra Dourada, Neto mal sabia o que estava por vir. O Goiás protagonizou uma virada espetacular, marcando quatro vezes, venceu o Rubro-Negro por 4 a 3, e transformou a partida que consagraria o maior goleador do ano, em apenas mais uma partida que evidencia os motivos pelos quais o futebol é um esporte apaixonante.
Confusão, golaços, e emoções dos mais variados estilos marcaram o grande jogo no Serra Dourada. Marquinhos abriu o placar para o Vitória, e Neto Baiano ainda fez dois no primeiro tempo. A virada goiana começou com David. Na segunda etapa Ricardo Goulart, Renan Oliveira e Rafael Toloi garantiram o placar histórico para o Goiás. Com o resultado, o Esmeraldino chega aos 11 pontos, na décima colocação. O Vitória continua na quarta posição, com 13 pontos, e garante posição na zona de acesso.
Na próxima rodada o Goiás encara o Guaratinguetá, nesta terça-feira, no Serra Dourada. O Vitória recebe o Avaí no Barradão, no sábado, dia 30.
O pé do artilheiro
Antes de entrar em campo, Neto Baiano concedia entrevista dizendo que queria recuperar o tempo perdido após ter passado em branco na última rodada, quando não balançou as redes no jogo em que o Vitória venceu o Guarani por 1 a 0. Não foi uma declaração qualquer. A torcida do Goiás descobriria o motivo minutos depois. Iria saber também por que o atacante rubro-negro é, disparado, o maior artilheiro do Brasil no ano.
Enquanto não sentia os efeitos do goleador do Leão, o Goiás tentava encontrar espaços na defesa baiana, mas sem sucesso. A equipe mantinha posse de bola, mas não tinha criatividade. O Vitória investia nos contra-ataques e na bola parada. E assim chegou ao seu primeiro gol. Aos 13 minutos, após cobrança de falta, da direita, Marquinhos furou o chute, e a bola sobrou para Pedro Ken, que encheu o pé. Harlei espalmou nos pés de Marquinhos, que desta vez com estilo mandou por cobertura: 1 a 0 Leão.
O gol relâmpago com certeza não estava nos planos do Goiás, que tentou sair para o jogo, mas não tinha organização. E também não esperava o que estava por vir. Cinco minutos mais tarde, aos 18, Pedro Ken deu ótimo passe para Neto Baiano pela esquerda. O líder do Troféu Friedenreich estava totalmente livre na área esmeraldina. Ele não perdoaria a falha da defesa esmeraldina. De primeira colocou no canto esquerdo de Harlei: 2 a 0.
Mas o show do atacante ainda estava incompleto. Logo na saída de bola do Goiás, o Vitória recuperou com Marquinhos, que avançou pela direita, cruzou rasteiro, e Neto Baiano estufou as redes: 3 a 0 e vaias e xingamentos de todos os tipos começaram a ecoar das arquibancadas em direção ao banco de reservas do Goiás. O time esmeraldino ainda desperdiçaria duas ótimas chances com Júnior Viçosa nos dez minutos seguintes. Seriam as últimas jogadas do atacante no jogo.
Diante da desastrosa atuação de sua equipe, Enderson não hesitou em mexer. Ramon e Iarley, titulares durante toda a temporada, entraram nas vagas de Egídio e Júnior Viçosa. O Goiás ficou mais agressivo, recuperou a posse de bola, mas ainda não conseguia furar o bloqueio do Leão. A saída era arriscar de longe. Desta maneira, o meia David, um dos poucos que se destacavam na equipe goiana, diminuiu para os donos da casa aos 33 minutos, com um petardo de longe, que entrou no ângulo esquerdo de Renan: 3 a 1.
Mas quem voltaria a ser protagonista no jogo seria Neto Baiano. Entretanto, desta vez ele não marcou gol. Quase. Aos 41 minutos, Vítor deixou a bola sair para que Marquinhos recebesse atendimento. Com a bola rolando novamente, o artilheiro rubro-negro, do meio-campo, olhou para o gol de Harlei, percebeu o goleiro adiantado, e ‘devolveu’ a pelota, mas quase fez o gol, para revolta geral dos esmeraldinos. No lance seguinte, o Vitória devolveu a posse para o Goiás.
Pressão e virada alviverde
Para alívio dos esmeraldinos, Neto Baiano deixou o jogo logo aos 11 minutos do segundo tempo. Mas antes mesmo de o artilheiro deixar o campo, quem salvaria o Vitória seria Renan, ao defender cabeçada de Ricardo Goulart. A defesa do goleiro era o sinal de como seria o segundo tempo. O Leão tentava apenas administrar a vantagem. O Goiás buscava os espaços, principalmente pelos lados do campo, e pressionava de todas as formas a defesa baiana.
Os buracos na retaguarda rubro-negra dificilmente eram encontrados, mas o Goiás criava oportunidades na bola parada com David, principalmente em faltas pelos lados do campo criadas por Iarley e Ricardo Goulart. A bola aérea era a principal arma alviverde. A tática deu certo aos 21 minutos, quando Vítor cruzou da direita, Iarley escorou da esquerda, e Ricardo Goulart emendou para o gol.
O gol animou os goianos. A situação do Vitória ficaria ainda pior quando Dinei, que entrar no lugar de Neto Baiano, machucou o joelho esquerdo e teve que deixar o campo quando Carpegiani já havia feito todas as substituições, e o Leão teria que ficar com um a menos. O Goiás foi ao ataque para aproveitar o momento favorável e conseguiu o que parecia inevitável para os baianos.
O responsável pelo empate foi o meia Renan Oliveira, em um lance que abrilhantou ainda mais sua estreia pela equipe. Aos 31 minutos, quando acabara de entrar, o jovem, que foi apresentado na última quinta-feira, deu seu primeiro toque na bola com a camisa esmeraldina. E foi direto para o gol. Ele aproveitou cruzamento de Felipe Amorim da direita, e testou firme para o fundo das redes, empatando o jogo.
Se o empate já parecia um resultado impressionante, os torcedores esmeraldinos ainda teriam muito o que comemorar. Aos 40 minutos Felipe Amorim disputou bola com Victor Ramos dentro da área, e caiu. Leandro Pedro Vuaden marcou o pênalti, para reclamação geral dos baianos. Alheio a tudo isso estava Rafael Toloi. O zagueiro, capitão e, mesmo jovem, um dos maiores símbolos do atual time esmeraldino partiu para a cobrança e foi o responsável por marcar o gol que estarão para sempre na memória dos torcedores que foram ao Serra Dourada: Goiás 4 a 3.
Diante da virada goiana e, principalmente, de um lance muito duvidoso como o pênalti em cima de Felipe Amorim, Paulo César Carpegiani não conseguiu acompanhar tudo apenas do banco de reservas. Após o quarto gol do Goiás ele se revoltou e junto a alguns jogadores do Vitória entraram no gramado enraivecidos com a decisão do árbitro da partida, e Vuaden não hesitou em expulsar o técnico do Leão de campo. Após o apito final, como se não bastasse a expulsão do comandante rubro-negro, o lateral Léo também reclamou de forma ríspida com o juiz e teve o mesmo caminho de seu chefe. Levou o cartão vermelho.
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