Marcos Ribolli / Globoesporte.com
Por Alexandre Lozetti / Globoesporte.com
Goiás triunfa no Pacaembu, sonha com G-4, e Corinthians sai vaiado
Timão perde muitas chances com Pato, Guerrero, Sheik e companhia; concentrado e inteligente, Esmeraldino vence e já olha mais para cima
O Corinthians é um time organizado, sólido, com bons e milionários jogadores, apoio da torcida, estrutura et cetera. Mas falta alguma coisa em 2013. Falta fome. Faltou fome, de novo, no Pacaembu. E não pode faltar fome contra o Goiás de Walter. O atacante não custou R$ 40 milhões como Pato nem fez gol de título mundial como Guerrero, mas incomodou demais e participou das melhores jogadas de sua equipe, como no gol de Hugo. No fim, comemoração alviverde: 2 a 1. Ambos ainda mantêm esperanças de chegar ao G-4, mas é a equipe goiana que vem em melhor fase. Termina a rodada com 29 pontos, um a menos que o Timão – quarto colocado, o Atético-PR tem 35.
É verdade que o Timão criou muito mais. Perdeu gols num repertório invejável, mas não se pode dizer que a vitória do Goiás foi injusta. O time atuou com mais concentração e inteligência, de acordo com suas limitações. Zagueiros bem posicionados, marcadores dedicados e um ataque todo baseado na proteção de bola e nos bons passes de Walter.
E o Corinthians? Com Alexandre Pato, de R$ 40 milhões, Paolo Guerrero, autor de gol de título mundial, Romarinho e Sheik, que marcaram em finais de Libertadores... Só conseguiu um gol chorado, dado para Pato, mas com um toque valioso de Ramon. Que o ataque não funciona, já era sabido. É um dos piores do Campeonato Brasileiro. Mas dessa vez até a defesa, melhor da competição, falhou feio. Todos ficaram olhando Amaral subir após cobrança de escanteio, no fim do jogo, e definir a vitória.
Foi a primeira vez que o Timão sofreu dois gols na mesma partida neste Brasileiro. No meio da semana, as duas equipes vão atuar fora de casa. Na quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), o Timão encara a Ponte Preta, desesperada na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro, no estádio Moisés Lucarelli. O Goiás visita o Coritiba um pouco mais cedo, às 21h, no Couto Pereira.
Para fora!
Tite falou antes de o jogo começar. Disse que sua equipe tem 61% de aproveitamento quando atua com um pivô. Desta vez, Guerrero estava no ataque, ao lado de Pato. O que deve ter aumentado ainda mais a decepção do treinador. Pode ser pelo calor (quase 30ºC neste fim de inverno em São Paulo), mas a verdade é que o Corinthians só jogou objetivamente nos primeiros cinco minutos, e em mais alguns outros perto do fim da primeira etapa.
Juntos, Guerrero e Pato finalizaram quatro vezes, quase sempre em jogada construída pelos dois. Os três chutes e a cabeçada do peruano, porém, foram para fora. O único que deu uma esquentadinha nas mãos do goleiro Renan foi Romarinho, em chute de longe. O Goiás abusou dos bicões para Walter. Tudo bem que sua barriga saliente virou atrativo no Brasileirão, mas seria difícil que, nessas condições, e isolado, o atacante conseguisse algo contra a melhor defesa da competição. A boa movimentação do meio-campo deixou a partida aberta em alguns instantes, mas os visitantes abusaram dos erros de passe.
A estratégia alvinegra sofreu um baque logo no início, quando Alessandro sentiu lesão na panturrilha direita e deu lugar a Ibson. Edenilson saiu do meio para a lateral, e a torcida perdeu a paciência. A cada erro do ex-flamenguista, muitos chiados nas arquibancadas. Além de não estar bem, Ibson sofre a absurdamente cruel comparação com seu antecessor, o craque Paulinho, que agora exibe seu talento na Inglaterra. Apesar de ter criado mais, o Corinthians saiu do primeiro tempo com uma atuação bem longe de ser considerada do nível do atual campeão do mundo.
Justo castigo
No intervalo, Tite precisou mexer na outra lateral. Fábio Santos, um dos poucos que mostravam fome, sentiu lesão no púbis e deu lugar a Igor. E o ritmo corintiano seguiu brando, morno, quase parando. Pior: deixou espaços para o Goiás. E se Walter não encontrou facilidades para fazer gols, sempre conseguiu clarear as jogadas. Inteligente, o atacante ajeitou para Renan Oliveira, que deu um tapa para Hugo. Aquele mesmo Hugo, que parece sumido em campo, mas de repente... Era assim no Grêmio e no São Paulo, foi assim no Goiás. Ele ganhou de Paulo André no corpo e bateu de pé direito, que nem é o melhor: 1 a 0 para o time mais concentrado em campo.
Atacante no lugar do zagueiro. Substituição incomum, mas o Corinthians precisava sair do marasmo. Paulo André saiu, Sheik entrou. E o time passou a criar, ainda que sem brilho. Em bom cruzamento, Gil bateu na saída do goleiro, mas o zagueiro Rodrigo, em boa atuação, salvou quase em cima da linha. Em seguida, Romarinho parou no goleiro Renan, e Sheik, numa incrível furada. Os dois que fizeram os gols do Corinthians nas finais da Libertadores em 2012. Alguém explica? Como também ficou difícil de explicar o gol de empate. Gil, em posição irregular, cabeceou em direção à pequena área. Pato desviou, a bola girou, girou, tocou em Ramon e entrou.
Esperança de virada! A torcida se inflamou. A zaga só não podia falhar. E falhou... Com um zagueiro a menos, todos se confundiram na cobrança de escanteio do Goiás. Ralf marcou a trave, e Igor marcou Gil, que não marcou ninguém. E de tantos goianos livres, foi Amaral quem cabeceou e definiu o jogo. Um duro golpe ao Timão, que já fala abertamente em "vaga na Libertadores" e ouviu vaias de seus torcedores. Pouco para quem é dono do mundo até dezembro. Um grande resultado para o Goiás, que pode lutar pelo mesmo objetivo, por que não?
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