Alexandre Vidal / Fla Imagem
Por Globoesporte.com
Com gols de veteranos, Fla bate Dragão de virada na luta contra Z-4
Cleber Santana e Liedson, recém-contratados, mostram estrela ao marcarem os gols na vitória por 2 a 1. Time chega aos 31 pontos
Foram sete partidas sem conseguir vencer. O Flamengo via adversários de cima se distanciarem e de baixo se aproximarem na tabela. O fantasma do Z-4 se aproximava. Neste domingo, num Serra Dourada com 23.887 pagantes, o time, após um primeiro tempo cheio de falhas, conseguiu, de virada por 2 a 1 sobre o Atlético-GO, os tão sonhados três pontos sobre o lanterna da competição. A atuação ainda está longe de agradar. Mas ao menos dá tranquiilidade para uma semana em que terá dois adversários difíceis no Engenhão: o vice-líder Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho, na quarta - partida do primeiro turno adiada -, e o líder, o Fluminense, no domingo.
Agora com 31 pontos na tabela, o Flamengo, em 14º lugar, dá uma respirada. E graças à estrela de dois veteranos. Primeiro, o estreante Cleber Santana, 31 anos, autor do primeiro gol. Depois, Liedson, 35 anos, que entrou na segunda etapa e fez o tento da virada que deixa o time mais distante do Z-4 e mantém o Atlético-GO na última posição - o Dragão terá pela frente, na próxima rodada, o Náutico, no Recife.
Na gangorra do Flamengo, os garotos que ajudaram no empate com o Grêmio deram vez aos jogadores mais rodados. Tudo fruto de uma equipe irregular, que ainda não consegue se acertar taticamente. A garra e a experiência, especialmente no segundo tempo, quando a equipe mostrou uma pequena melhora, superaram as inúmeras falhas, principalmente de marcação. E também no ataque, conforme lembrou o goleiro Felipe, aliviado após o resultado.
- Vocês estão vendo como a gente está, sete jogos sem vitória. Fazia tempo que eu não via o time perder tanto gol como a gente perdeu hoje, mas valeu o esforço. Queria agradecer também a essa torcida maravilhosa, nem parece que a gente está fora do Rio.
Rayllan, que ainda no primeiro tempo entrou no lugar de Joílson, autor do gol atleticano substituído por contusão, lamentou a 14ª derrota do rubro-negro goiano e a situação da equipe na tabela.
- Jogamos bem, mas não foi suficiente para sairmos com o triunfo. É difícil falar na situação que estamos. O que nos resta agora é trabalhar muito para tirarmos o time deste momento complicado. Não é fácil, sabemos disso, mas precisamos honrar essa camisa. Vamos tirar o máximo da nossa equipe para isso acontecer - afirmou.
'Cerca-lourenço'
Como bem lembrou o goleiro Felipe, o Flamengo perdeu várias chances. Muito mais no fim da partida, quando se aproveitou do desespero do Atlético-GO. No restante, o time apresentou inúmeras falhas. Principalmente no primeiro tempo, quando os números e o placar davam a falsa impressão de equilíbrio. A posse de bola ficou em 50 por cento para cada um. Nos chutes a gol, o Dragão levou vantagem de 5 a 4. Mas o bom público presente ao Serra Dourada e o outro que acompanhou pela TV perceberam que, na organização tática e na disposição, o Dragão era visivelmente superior. Por isso, o torcedor rubro-negro carioca teve motivos de sobra para comemorar o empate por 1 a 1 nos primeiros 45 minutos.
Afinal, o sofrimento começou cedo. Não demorou mais que dez minutos para o Flamengo ver a pressão aumentar sobre si. Pela quinta partida seguida, o time saiu atrás no placar - Ponte Preta, Coritiba, Santos e Grêmio já haviam se aproveitado da tensão inicial do adversário. E não tem nada pior para quem já vê se aproximar o fantasma da zona da degola. Buracos na marcação, erros de saída de bola... E foi num deles que começou a boa jogada do Dragão: Ramon se complicou ao tentar sair jogando. Marcos, o melhor do Atlético-GO, tomou-lhe a bola, fez o drible e tocou para Diogo Campos. O centro rasteiro da linha de fundo encontrou Joílson chegando livre de marcação para bater para as redes: 1 a 0.
Cinco minutos antes, Luiz Antonio já cometera falha que deixou a torcida do Flamengo - em grande quantidade no Serra Dourada - de cabelo em pé. Com forte marcação na saída de bola da equipe carioca, o Dragão esbanjava disposição desde o começo. O meio-campo nem deixava o Fla respirar. E essa era a diferença fácil de perceber. O anfitrião atacava como queria. O time carioca parecia ter escolhido o "cerca-lourenço" como doutrina: marcava frouxo, muito frouxo, e a partir do meio de campo. Foram várias as vezes que Patric arrancava com a bola dominada como se estivesse numa pista de atletismo, correndo livre, sem ser incomodado. Numa delas, que contou com falha individual de Frauches, bateu firme, mas no meio do gol. Felipe agradeceu e fez boa defesa.
Gol de Cleber Santana
O estreante Cleber Santana, até ali, apareceu mais assistindo às arrancadas de Ernandes, Joílson e Patric do que criando para o solitário Vagner Love. Mesmo com cinco no meio-campo, o Flamengo deixava o Atlético-GO jogar. E o time da casa já tinha o endereço para buscar a felicidade: a avenida Ramon. O lateral rubro-negro, lento, apático, perdia praticamente todas as bolas.
Diogo Campos sempre caía por ali para atormentar o camisa 6. A defesa carioca ainda fazia mal a cobertura. O único que se salvava era Wellington Silva. O lateral-direito foi um dos destaques do Flamengo na primeira etapa. E, aos 16 minutos, fez bela jogada individual e bateu cruzado. O goleiro Márcio mandou para escanteio.
Daí em diante, o Flamengo acordou um pouco e teve mais duas outras oportunidades para empatar. Primeiro com Cáceres, que a zaga salvou em cima da linha. Depois com Love, que recebeu livre de Ibson e obrigou Márcio a outra boa defesa.
Os garotos estavam pouco inspirados. Adryan, destaque no empate com o Grêmio, não dava sequência às jogadas. Luiz Antonio errava tudo. O Dragão se aproveitava disso e ainda mostrava mais disposição em campo. Sorte do Flamengo que faltava inspiração do adversário para criar chances. E que Cleber Santana acordou. Aos 35 minutos, fez o que se espera dele: em boa jogada individual, serviu Love. O atacante não foi fominha e devolveu para o camisa 88, que empurrou a bola para as redes e foi comemorar o gol na estreia. Depois, a lesão de Joílson no fim do primeiro tempo ainda facilitou as coisas - o técnico do Atlético-GO, Artur Neto, lançou Rayllan. No fim das contas, o empate foi bom para o Flamengo.
Virada
Dorival Jr. sentiu necessidade de mexer no Flamengo. E lançou Liedson no lugar de Adryan. O problema é que os maiores erros estavam na zaga e no meio-campo. A facilidade de penetrar na defesa carioca aumentava. Artur Neto percebeu isso e mexeu no Dragão. Trocou Diogo Campos por Watthimem, que na primeira jogada tocou para Rayllan, livre, bater fraco, em cima de Felipe.
Gol perdido assim acaba sempre em punição. No rubro-negro carioca, Dorival voltou a mexer: trocou Cáceres por Bottinelli.
Pouco depois, Vagner Love se embolou no chão com Eron e reclamou de mão na bola do lateral dentro da área. O árbitro Paulo César de Oliveira não achou que houve o pênalti. Mais acordado, o Flamengo aproveitou-se da arma utilizada pelo inimigo na partida. O camisa 99 pressionou o zagueiro Gilson, tomou-lhe a bola e centrou na medida para Liedson marcar seu primeiro gol na volta ao clube e segundo do time na partida: 2 a 1, aos 20 minutos.
O Flamengo, que há nove jogos não fazia dois gols num jogo, tentava conter o ímpeto adversário. Amaral entrou no lugar de Ibson. Love ganhou a braçadeira de capitão, que estava com o camisa 7 porque Léo Moura cumpriu suspensão. Passou a comandar a equipe, na companhia de Bottinelli, bem na partida, e Wellington Silva, o grande destaque. Só que o atacante perdeu a chance de ampliar o placar ao desperdiçar pênalti polêmico de Dodó no meia argentino - os goianos reclamaram que a penalidade foi fora da área. O goleiro Márcio voou e fez a defesa.
O lance deu mais carga dramática ao fim da partida. No contra-ataque, o Flamengo até teve mais chances. Liedson e Love, esse último duas vezes - na segunda, mandou uma bola no travessão no nível do Inacreditável Futebol Clube -, tiveram a oportunidade de sacramentar o resultado. O Dragão ainda assustou, mas parou na ponte de Felipe no último lance, uma cabeçada de Patric. Foi com sofrimento. Mas a vitória reapareceu. Sumida desde 19 de agosto, quando o time bateu o Vasco por 1 a 0, no Engenhão.
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